Quem somos nós?

Somos um grupo de alunas do Curso de Especialização Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça (GPPGR), na modalidade à distância, promovido pela Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o MEC. Criamos esse blog com o objetivo de fomentar as discussões no campo das Políticas de Ações Afirmativas e assim contribuir no processo de elaboração, aplicação, monitoramento e avaliação de projetos e ações que visam a transversalidade e a intersetorialidade de gênero e raça/etnia nas Políticas Públicas. Nosso tema é Igualdade de gênero, raça/etnia na educação formal com o sub tema:- Família, hierarquias e a interface público/privado. Integrantes do grupo: Ana Paula Ferreira, Marcia Roziane Zuma e Nilza Nimer Gonçalves.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Proposta de Plano de ação no município de Aracruz

Título: Coleta do quesito cor, através da autoclassificação, entre as mulheres que usam os serviços da unidade de saúde do município de Aracruz 

Objetivo Geral da ação: 
A escassez de informações epidemiológicas abordando a cor ou raça é um fato conhecido e que dificulta a criação de políticas públicas voltadas para a promoção da equidade e diminuição do preconceito relacionado a questões de raça e etnia.
Assim como a informação sobre sexo e idade, é importante na hora do diagnóstico, a identificação por cor ou raça/etnia é fundamental para a compreensão do processo de adoecimento e das causas de morte a que estão submetidos os grupos populacionais, pois eles são acometidos diferentemente pelas doenças.
O objetivo principal dessa ação é para melhorar a qualidade dos serviços de saúde, elaborar políticas públicas direcionadas e identificar as doenças e agravos predominantes nos diferentes grupos que compõem a nossa sociedade.  

Justificativa:
O Plano Nacional de Saúde estabelece como diretriz a “inclusão do quesito raça/cor entre as informações essenciais dos atendimentos realizados no SUS e na rede suplementar de serviços, e determina a utilização da raça/cor como categoria analítica dos perfis de morbimortalidade, de carga de doença e de condições ambientais”.
A 12ª Conferência Nacional de Saúde traz uma diretriz relacionada à Informação e Informática: “Divulgar informações e implantar banco de dados epidemiológicos e estatísticos socioeconômicos por etnia, tais como moradia, condições de vida e saúde, com identificação do número de pessoas atingidas pelas patologias, utilizando o índice de desenvolvimento humano (IDH) desagregado por sexo e cor e os índices de exclusão social como parâmetros para monitorar as doenças prevalentes entre as populações negras e indígenas”.
Segundo dados do PNUD, podemos agrupar em categorias algumas doenças prevalentes na população negra:
― geneticamente determinadas (anemia falciforme);
― adquiridas em condições desfavoráveis (desnutrição, doenças do trabalho,
DST/HIV/AIDS, abortos sépticos, tuberculose);
― de evolução agravada ou tratamento dificultado (hipertensão arterial, diabetes mellitus, coronariopatia, insuficiência renal crônica, câncer, miomatoses).
Conhecendo a situação de saúde da população, pode-se estabelecer metas e estratégicas para melhoria dos problemas de saúde.
Além disso, a informação “cor ou raça/etnia” possibilita ao Sistema Único de Saúde (SUS) cumprir um de seus princípios fundamentais que é a EQUIDADE, ou seja, o compromisso de oferecer a todos cidadãos e cidadãs um tratamento igualitário e, ao mesmo tempo, atender às necessidades que cada situação apresenta. É um dado que pode orientar o tratamento das populações específicas.

Descrição da ação:
As ações se darão da seguinte forma:
1)      Distribuir folhetos explicativos aos usuários(as), enquanto permanecem na sala ou fila de espera;
2)      Naturalizar a pergunta “qual é a sua cor ou raça/etnia?”, ou seja, integrá-la ao conjunto de informações (nome, idade, sexo etc....) de forma natural;
3)      Dialogar com cada usuário (a) e orientar como se autoclassificar, quando não souber;
4)      Explicar aos usuários (as) de saúde que perguntar a cor ou raça/etnia é uma forma de conhecer melhor o perfil dos (as) pacientes para melhor atendê-los (as) e para prevenir doenças e
5)      Solicitar apoio e orientações à chefia e à supervisão sempre que for necessário.

Cronograma  
Ação
Período

Planejamento das ações

Dezembro de 2011

Estimular o comprometimento institucional


Janeiro de 2012

Capacitação dos profissionais das unidades de saúde

Fevereiro e março de 2012

Sensibilização dos usuários (as)

Abril de 2012

Coleta  dos dados entre os usuários (as)


Maio e Junho  de 2012

Análise dos dados coletados

Agosto e setembro  de 2012
Formulação de propostas de políticas públicas direcionadas para as mulheres negras do município de Aracruz.

Outubro de 2012
Monitoramento e avaliação
Ação contínua

População beneficiada
Mulheres que se autodeclararam negras e que são atendidas nas unidades de saúde do Município de Aracruz.  

Referências Bibliográficas

Promovendo a equidade na atenção à saúde (folheto informativo)
Disponível em: http://www.combateaoracismoinstitucional.com/images/padf/
equidade_saude.pdf

Declaração sobre a raça e os preconceitos raciais.

Curso GPPGR -  Módulo 3 – Políticas públicas e raça
Acesso em 22 de novembro  de 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. Brasília: Ministério da Saúde / Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, 2005.

CASHMORE, Ellis. Dicionário de Relações Étnicas e Raciais. São Paulo: Summus, 2000.

LOPES, Fernanda. Vamos fazer um teste: qual é a sua cor? A importância do Quesito Cor na saúde. Suplemento 6 do Boletim Epidemiológico Paulista – Saúde da População Negra no Estado de São Paulo, volume 3, dezembro de 2006.

OSÓRIO, Rafael Guerreiro. O Sistema Classificatório se “Cor ou Raça” do IBGE (Texto para Discussão n. 996). Brasília: Ipea, novembro de 2003.

WEDDERBURN, Carlos Moore. Do marco histórico das políticas de ações afirmativas – perspectivas e considerações. In: SANTOS, Sales Augusto dos (org.). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: MEC/SECAD, 2005.

Um breve resumo das Unidades 1 e 2 do Módulo 3 - Políticas Públicas e Raça


 Módulo 3 - Políticas Públicas e Raça
Unidade 1 – A construção histórica da ideia de raça
Unidade 2 - O percurso do conceito de raça no campo de relações raciais no Brasil

Os principais conceitos apresentados na unidade 1, foram o do etnocentrismo, que são as manifestações agressivas de uma etnia em detrimento de outra, que ocorrem de maneira explícita como o caso da organização Ku Klux Klan, surgida em 1865 no sul dos Estados Unidos, onde seus integrantes vestiam-se de branco, montavam cavalos e perseguiam ex-escravos libertos na Guerra de Secessão.
Foi estudado o conceito de racialismo, trata-se de uma filosofia social que propõe o respeito a todas as raças, muito confundido com o termo racismo, o racialismo prega que todas as raças são diferentes entre si e que essas diferenças devem ser mantidas. O racialismo não defende a superioridade de uma raça sobre a outra.
Outro conceito importante é o de individualismo noção consolidada no século XVIII que exprime a afirmação do indivíduo perante a sociedade, o individualismo foi o fator fundamental das sociedades modernas.
Os textos tratam de uma questão histórica muito importante que é a do povo judeu, onde religião e raça são percebidas como unidade indivisível, a raça judaica. A partir do século XV os judeus passaram a ser discriminados não somente como grupo religioso divergente do cristianismo, mas também como uma raça. A casta deicida , o povo que matou Deus. Logo depois entre os séculos XV e XVI na Península Ibérica surge a promulgação do Estatuto da Pureza do Sangue, que promovia uma conversão forçada dos judeus ao cristianismo, no entanto o preconceito não cessou, pois eles passaram a ser considerados como os “novos cristãos” e não possuíam o sangue puro. Os estatutos da pureza do sangue foram mecanismos racistas.
O racismo praticado contra os judeus é chamado de antissemitismo  onde é introduzido o conceito de Determinismo Hereditário a idéia de que o sangue judeu poderia contaminar toda uma linhagem, esse pensamento logo depois foi adotado pelos Estados Unidos em outro contexto, era a “regra de uma gota de sangue” que servia para separar os brancos dos não-brancos por meio da linhagem e não da aparência. A presença de um ancestral negro ou indígena classificava o indivíduo como cidadão de segunda classe.
Com a descoberta do território americano, o conceito bíblico de monogenismo a descendência única da humanidade através de Adão caiu em desuso, esse fato causou um importante debate eclesiástico sobre a natureza humana ou não dos indígenas.
A escravidão e as relações de exploração entre os senhores  e os escravos, encontrou justificação no direito de conquista, a escravização dos vencidos pelos vencedores, houve a legitimação  escravizar pessoas fora de seu grupo religioso por meio das guerras contra os Bárbaros ou Infiéis. Então, do ponto de vista social, nas Américas, os mestiços e mulatos se tornaram uma camada subordinada pelo critério de pureza no sangue e em cada país ela ocorreu de maneira distinta.
O Darwinismo Social surgiu na segunda metade do século XIX, criado por Herbert Spencer que defendia a idéia de que o progresso humano tem como base a hierarquia racial sem misturas. Uma teoria aliada ao Darwinismo Social, é a Eugenia, conceito criado por Francis Galton que objetivava o controle da reprodução, o melhoramento das gerações.
No entanto, a antropologia a partir do final do século XIX, acabou questionando o legado da antropologia racista, passou a defender que um elemento cultural só faria sentido tendo em vista a totalidade na qual ele era parte. Franz Boas em suas pesquisas com imigrantes europeus nos Estados Unidos, provou por intermédio de instrumentos craniométricos, que as diferenças raciais entre grupos humanos não eram suficientes para comprovar diferenças morais de habilidades e comportamentos. Com isso ele defendeu a ausência de determinismo racial nas capacidades morais e intelectuais humanas. Sendo assim, o termo etnia é o que engloba as características sociais, culturais, lingüísticas e genéticas e que por sua vez é empregada no lugar do conceito de raça. A etnia é é comprovada através do método etnográfico, que trata-se de uma pesquisa que pressupõe interação prolongada entre pesquisador e pesquisado no universo do sujeito.

O texto 4 definiu racismo como um conjunto de ações, idéias, doutrinas e pensamentos que estabelece, justifica e legitima a dominação de um grupo racial sobre outro, pautado numa suposta superioridade do grupo dominador em relação aos dominados.
A abolição da escravidão, fato histórico na história do Brasil,  colocou a população negra em uma situação de igualdade política e civil em relação aos demais cidadãos. Contudo, como a literatura tem constantemente reafirmado, as possibilidades de inclusão socioeconômica dessa população eram extremamente limitadas, pois conforme o texto 1, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, as bases econômicas que sustentavam a instituição escravidão já estavam relativamente deterioradas. Medidas anteriores ao fim da escravidão haviam colocado a população livre e pobre em uma situação de completa exclusão em termos de acesso a terra. Por sua vez, o acesso à instrução também não fora garantido por políticas públicas, não sendo sequer acolhido como objetivo ou garantia de direitos na Constituição Republicana de 1891. No mercado de trabalho, a entrada massiva de imigrantes europeus deslocava a população negra livre para colocações subalternas.
Esse processo foi marcado tanto por uma ausência de políticas públicas em favor dos ex-escravos e à população negra livre, como pela implementação de iniciativas que contribuíram para que o horizonte de integração dos ex-escravos ficasse restrito às posições subalternas da sociedade. Cabe lembrar que tal processo encontrava-se largamente amparado, como já indicado anteriormente, pela leitura predominante da questão racial no Brasil, segundo a qual, a questão do negro se referia não apenas à sua substituição como mão-de-obra nos setores dinâmicos da economia, mas à sua própria diluição como grupo racial no contexto.
Sendo assim, a solução encontrada no Brasil para a questão racial foi o “embranquecimento”, ou seja, a chegada de imigrantes europeus/eias no país, com a ascendência desejada, e isto era visto como uma forma de depuração para salvar o País que até então era constituído por uma maioria negra, indígena e mestiça. Para que isso fosse possível, era necessário olhar a miscigenação invertendo o sinal negativo que lhe era dado pelas teorias racistas, ou seja, o produto da mistura de grupos raciais distintos deixaria de ser degenerescente.
Os movimentos sociais redefinem e reutilizam conceitos na medida em que redimensionam a questão social e racial e assumem uma perspectiva política e educacional. A articulação entre educação e ciências sociais, muitas vezes, leva os educadores a utilizar termos e expressões descuidadamente ou a adotarem a terminologia tão complexa, sem muita reflexão teórica sobre o assunto.
O movimento de mulheres negras defende que a dimensão racial precisa ser considera­da em todos os campos da atividade humana para que seja feita justiça ao sistema de desvantagens que o racismo historicamente impôs às suas vítimas. [...] se ao idealizar, elaborar e implementar qualquer política pública não se levar em conta onde vive, como vive a população negra – suas respectivas singularidades de materialidade de vida e suas demandas por cidadania plena, no contexto da herança deletéria dos séculos de escravi­dão, por uma questão de honestidade intelectual e política, é forçoso que se reconheça que se abriu mão de compreender a população negra como parte expressiva do povo brasileiro. (Oliveira, 2008: 4).
Diante da leitura dos textos dessa unidade, tivemos a oportunidade de assimilar conceitos e formular idéias a respeito de tema tão debatido e ao mesmo tempo difícil de se chegar à uma conclusão.

Um breve resumo das Unidades 3 e 4 do Módulo 3 - Políticas Públicas e Raça

 Módulo 3 - Políticas Públicas e Raça
Unidade 3 - Desigualdades raciais e realização socioeconômica uma análise das mudanças recentes e Unidade 4 - Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras uma Agenda Contra o Racismo

Dentro da análise das questões de gênero e raça tornou-se imprescindível falar da desigualdade existente no mercado de trabalho, onde negros e mulheres são tratados de forma discriminatória. Adentrando mais no estudo destas desigualdades observamos que há uma busca pelo respeito às diferenças, efetivada por muitos através de critérios de discriminação positiva, instituindo as chamadas de Ações Afirmativas que têm como objetivo alcançar uma sociedade racialmente consciente que dá às minorias discriminadas direitos a uma parcela proporcional de recursos e oportunidades. O que tentamos demonstrar ao longo deste estudo é que a única forma de promover a justiça é realmente diferenciando, ou seja, respeitando as diferenças de cada ser humano de forma irrestrita e assimétrica.

Os estudos sobre desigualdades envolvem diversas possibilidades analíticas e mobilizam diferentes tradições disciplinares para explicar suas origens, causas e efeitos e estão relacionados à temática do desenvolvimento econômico (pobreza e crescimento), da justiça social, do debate acerca das concepções de indivíduo, liberdade e igualdade.

Na perspectiva sociológica, a ênfase é dada na relação entre desigualdade e estratificação social, ou seja, na forma como se dá a distribuição desses bens e recursos e suas consequências.

No campo da filosofia política, as reflexões sobre desigualdade conduzem ao entendimento da relação entre liberdade e igualdade, à concepção do que vem a ser uma sociedade justa, bem como ao debate sobre quais desigualdades devem ser enfrentadas e quais desigualdades são simplesmente consequências de escolhas e realizações ou investimentos individuais.

Em relação à caracterização geral da força de trabalho, a População em Idade Ativa, composta pela população residente com faixa etária entre 10 e 64 anos, no ano de 2008, era de 143.560.622. Seu crescimento no período analisado (1999-2008) foi de 26,8%. A População Economicamente Ativa, composta pela parcela da PIA que está ocupada ou desempregada, era de 94.522.437 e cresceu 23,4%. A taxa de participação na PEA (PEA/PIA), no ano de 2008, era de 65,8%. Quanto ao desemprego, sua taxa era de 7,4% em 2008, apresentando uma tendência de queda.

Sobre a escolaridade, podemos observar que a média de anos de estudos da população ocupada, em 2008, era 8,5 anos crescendo 1,5 anos em dez anos, o que pode ser considerado/a um resultado insatisfatório.
Em segundo lugar, observa-se que as médias mais baixas estão entre os/as mais jovens (potencialmente em idade escolar) e os/as mais velhos/as (que estão saindo do mercado de trabalho). As faixas etárias 20- 24 anos e 24-29 anos apresentam uma média de anos de estudo superior (10,5% e 10,3%, respectivamente).

O ingresso de homens e mulheres negros/as no mercado de trabalho ocorre em situações de desvantagens, em relação ao grupo branco, devido às maiores possibilidades de sucesso educacional destes últimos. Além disso, os/as negros/as estão expostos à discriminação relacionados à sua cor/raça, impedindo o acesso às ocupações mais valorizadas, mesmo quando conseguem romper a barreira educacional, limitando suas possibilidades de ascensão social. Disto resulta uma concentração desproporcional de negros/as nas ocupações manuais, menos qualificadas e mais mal remuneradas, tais como prestação de serviços, emprego doméstico e construção civil (LIMA, 2001).
Quanto às desigualdades raciais, a população preta tende a apresentar a taxa de participação na PEA mais elevada, uma maior proporção de ocupados (ocupados/PIA), juntamente com a população branca, e maiores taxas de desemprego. No período analisado, a despeito do seu significativo decréscimo nos últimos cinco anos, as desigualdades raciais persistiram ao longo do tempo.
Desigualdade é, nesse sentido, fruto da combinação destes processos: os trabalhos, as ocupações e os papéis sociais na sociedade são combinados aos “pacotes de recompensa” que possuem valores desiguais (GRUSKY,1994).

A realização de um projeto democrático de implementação da cidadania no Brasil passa necessariamente por uma profunda reformulação cultural, que torne possível o aparecimento de um cidadão crítico em relação às políticas públicas, de uma mídia independente e informadora, do fim do clientelismo e fisiologismo como forma de se fazer política, ou seja, pelo surgimento daquilo que Paulo Freire chamava de vivência democrática. (17) 
Formalmente, o Brasil segue o que foi preceituado pela Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, acolhendo em sua Carta Magna os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.

 É de extrema importância a análise destes princípios para que possamos encontrar soluções para a superação das desigualdades em nosso país, pois somente através do reconhecimento da igualdade é que se pode verificar a existência e as conseqüências da desigualdade, preservando assim a dignidade de cada cidadão brasileiro.
 
Unidade 4

O tema abordado nessa unidade é o dos movimentos negros e movimento de mulheres negras. Esses movimentos surgiram com o objetivo de resgatar a cultura negra, bem como, elemento de mobilização em prol de um bem comum, a qualidade de vida da população negra. Mesmo após a abolição da escravatura no Brasil em 1888 e em 1889 a proclamação da República, os negros não foram considerados cidadãos plenos do novo país que surgia. Diante de um quadro de discriminação racial e de oportunidades, os negros foram se articulando e criando movimentos que lhe assegurassem aquilo que o Estado negava e fortalecendo suas identidades enquanto indivíduos.

Simultaneamente aos movimentos que surgiam, os “jornais negros” que focavam assuntos que a imprensa elitista desprezava, denunciava o segregacionismo ao qual os negros estavam submetidos, como o fato de não poderem freqüentar certos lugares, como igrejas, clubes, hotéis, algumas escolas, etc.
Em 1931 o movimento negro ganhou mais força com a criação da Frente Negra Brasileira (FBN), essa entidade transformou-se em movimento de massa e atingiu um bom nível de organização expandindo-se para diversos estados brasileiros e propiciou aos seus associados serviços médicos e odontológicos, departamento jurídico e atividades culturais e educacionais.
Dentro dos movimentos negros é importante salientar que as mulheres tiveram participação ativa como professoras, ativistas culturais e realizando obras assistencialistas.
A fase do Movimento Negro pós- Estado Novo (1945-1964), foram bem mais difíceis, uma vez que, a mobilização apareceu sob diversas formas e coadunava com os movimentos internacionais antirracistas que lutavam pelo fim do nazismo e do fascismo. O holocausto era o exemplo máximo de que o sistema classificatório de raças precisava ser abolido.
No contexto brasileiro, um dos principais movimentos dessa época foi a União dos Homens de Cor (UHC), sua atuação foi marcada pela participação em campanhas eleitorais, pela prestação de serviços jurídicos, médicos e odontológicos e expandiu-se para diversos estados brasileiros. Outro grupo importante foi o do Teatro Experimental do Negro (TEN), a proposta era formar um grupo teatral apenas por atores negros, porém aos poucos seu foco foi se ampliando ao publicarem o jornal “O Quilombo”, ofereceu curso de alfabetização, de corte e costura, fundou o Instituto Nacional do Negro, o Museu do Negro, organizou o I Congresso do Negro Brasileiro, promoveu a eleição da Rainha da Mulata e da Boneca de Pixe e tempos depois através de um concurso de artes plásticas lançou o tema o Cristo Negro tendo grande repercussão na opinião pública.

O TEN foi pioneiro ao lançar no Brasil as bases que continham no movimento da negritude francesa, um movimento negro internacional e que possuía os alicerces ideológicos para a libertação dos países africanos. Com a implantação da ditadura militar brasileira em 1964 o movimento enfraqueceu.

O movimento das mulheres negras também tiveram um importante papel político social, esse engajamento surgiu para preencher algumas lacunas de outros movimentos, uma vez que, dentro do movimento feminista não se focava a discriminação racial e dentro do movimento negro não se sublinhava a questão do machismo. Dessa maneira, esses movimentos de mulheres negras surgiram com o objetivo de lutar e levantar discussões a respeito do que lhes faltava em outros movimentos. Assim, ao assinalarem o posicionamento de gênero no Movimento Negro, as mulheres deixaram explícito aos seus companheiros de luta que o racismo atingia de forma distinta homens e mulheres, pois as mulheres negras enfrentavam o machismo ainda que dentro do movimento anti-racismo.

Os principais conceitos apresentados nessa unidade 3, foram o do embranquecimento social, Black Power, UHC e Neomalthusianos,

Segundo o Autor, o embranquecimento social é uma prática social que contribui não apenas para encobrir o teor discriminatório nessa construção ideológica, mas também para abafar uma reação coletiva. Pode-se acrescentar que o embranquecimento social diz respeito sobretudo ao ingresso de um indivíduo não branco ao mundo das classes médias e altas, compostas majoritariamente por pessoas de cor branca.

Black Power foi um movimento liderado por negros/as que teve seu auge no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, especialmente nos Estados Unidos. O movimento enfatizou o orgulho racial, incentivou a criação de instituições culturais, provocou políticos/as negros/as para a promoção dos interesses coletivos e da autonomia dos negros/as. A expressão “Black Power” foi criada pelo militante do movimento negro nos Estados Unidos, Stokely Carmichael, em uma frase que ficou célebre “Estamos gritando pela liberdade há seis anos. O que vamos começar a dizer agora é poder negro”.

UHC – União dos Homens de Cor, organização que tem início em 1943, se estabelece na década de 1960. A UHC buscava o reconhecimento da participação dos/as negros/as no projeto de nação brasileira. Uma de suas metas era inserir seus/as  representantes em cargos eletivos, além de atrair negros/as parlamentares estaduais ou municipais para a organização. Em alguns momentos a UHC organizava caravanas para doação de roupas, alimentos e medicação para os que necessitavam.

Neomalthusianos Segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Eles afirmavam que a fome não era conseqüência da carência de alimentos e sim da má distribuição.
O autor propôs um controle moral da natalidade, principalmente para os pobres. As famílias carentes deveriam ser orientadas a não terem filhos, as pessoas deveriam casar-se mais velhas e procurar abstinência sexual.

Principais conceitos estudados no Módulo 3

Ações afirmativas: correspondem a um tipo de política compensatória dirigida à correção de desigualdades/disparidades e discriminações forjadas com base nas dimensões de gênero, etnia, raça, porte de deficiência permanente, idade. Trata-se de medidas especiais e temporárias instituídas pelo Estado e/ou suas instituições, bem como pela iniciativa privada, de forma espontânea, facultativa ou compulsória (obrigatória).

Branqueamento: Traço marcante do racismo brasileiro, a ideologia do branqueamento figurou como peça chave nos projetos de modernização nacional postos em curso no Brasil entre meados do século XIX e primeiras décadas do XX. Visava a promover a diluição/eliminação da presença africana e ameríndia entre a população do país. Entre as estratégias adotadas, empreendeu-se o incentivo à entrada de imigrantes europeus, seguida da marginalização e exclusão dos afro-brasileiros e indígenas dos espaços sociais, políticos, econômicos e culturais de prestígio. Paralelamente, naturalizou-se a associação do fracasso social e econômico com a cor negra e do sucesso com a cor branca. Nesse sentido, o apelo à miscigenação e a exaltação da imagem do “país mestiço” serviram ao mesmo propósito de limpeza étnico-racial, não à promoção de uma democracia racial efetiva no Brasil.


Miscigenação:  Muito mais do que representar o processo ou resultado de mistura de raças, em sua falsa dimensão biológica, a miscigenação representa um dos fatores históricos que ajudaram a construir o padrão das relações sociais no Brasil. A partir da imagem de uma sociedade miscigenada, por muito tempo se afirmou a idéia de que o Brasil havia superado o problema do racismo. Todavia, como observa Sueli Carneiro, “a miscigenação como suposta prova de ausência de racismo e discriminação racial faz supor que em países em que se praticou racismo legal ou que viveram conflitos raciais explícitos a miscigenação tenha sido um fenômeno ausente ou irrelevante”.

Mito da democracia racial:  Fenômeno singular no racismo brasileiro, o mito da democracia racial corresponde à construção imaginária acerca da vigência de um harmonioso convívio entre os grupos racializados. Trata-se de uma idéia altamente difundida por representantes de governo, intelectuais, meios de comunicação e reproduzida entre a população em geral, desde o fim do século XIX. Tendo Gilberto Freyre entre as figuras de destaque, estas teorias alimentaram uma visão do sistema escravista do Brasil como um modelo paternalista, de interações mais próximas e harmônicas entre senhores e escravos.

Movimento Social negro. A expressão movimento negro refere-se ao conjunto de organizações e instituições dedicadas a defender e a promover os direitos de mulheres e homens negros, no contexto da luta contra o racismo. Trata-se de uma concepção ampla de movimento social, que busca contemplar a complexidade, a heterogeneidade e a multiplicidade das organizações que atuam no campo das relações raciais e combate ao racismo. Desse modo, considera-se Movimento Social Negro um conjunto plural de entidades, incluindo as organizações tradicionais, como as casas e os terreiros de religiões de matriz africana, as irmandades, os grupos culturais, blocos carnavalescos e grêmios recreativos das escolas de samba e os grupos de capoeira, as posses de rap, bem como as organizações não-governamentais antirracistas, as associações de empresários, os grupos de base comunitária, bem como o movimento hip-hop.

Raça: A espécie humana é indivisível. No campo biológico-genético, as variações de traços físicos, como cor da pele e dos olhos, textura do cabelo, formato do nariz e do crânio (chamados fenótipos), não configuram a existência de diferentes raças humanas. Estudos científicos demonstraram a unidade da espécie humana, desautorizando o emprego biológico do termo. Porém, na medida em que as diferenças físicas atraem prontamente a atenção dos indivíduos em sociedade, verifica-se a confirmação social do conceito de raça, independentemente da invalidade da biológica. Assim, a categoria permanece empregada em dois contextos básicos, na depreciação/hierarquização de grupos racializados (racismo) e no estabelecimento de senso de coletividade de segmentos discriminados em busca da garantia
de sua integridade (antirracismo).
Em outras palavras, “raça” é um signo cujo significado só pode ser encontrado na experiência do racismo. De acordo com documentos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “onde o complexo raça/cor é um elemento de controle e hierarquia social, a inclusão da cor como dado de identidade individual e coletiva a ser considerado em estudos sobre relações sociais, direitos e privilégios passa a ser extremamente importante como indicador da existência de desigualdades”

Preconceito.: Do latim prae, antes, e conceptu, conceito, preconceito remete a um conjunto de crenças e valores preconcebidos e apreendidos, sem razão objetiva ou refletida, que levam um indivíduo ou um grupo a nutrir opiniões a favor ou contra os membros de determinados grupos, antes de uma efetiva experiência com estes. No terreno das relações raciais, o emprego do termo normalmente se refere “ao aspecto negativo de um grupo herdar ou gerar visões hostis a respeito de outro, distinguível com base em generalizações”.

preto, pardo, negro:  A classificação racial é entendida como o conjunto de categorias em que os sujeitos da classificação podem ser enquadrados. Na coleta e apresentação de dados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adota, desde 1990, cinco categorias de classificação de cor ou raça da população nacional: branca, preta, parda, amarela e indígena.
Observa-se que, em termos estatísticos, pretos e pardos se distinguem bastante dos brancos, mas virtualmente diferem pouco entre si em qualquer indicador de situação ou posição social que se possa imaginar. Por isso, com base nesse sistema classificatório, torna-se possível o emprego posterior da categoria “negra”, na qual se reúnem pretos e pardos, com o objetivo
de fazer referência aos descentes de africanos no Brasil. Esse procedimento é possível uma vez que o propósito da classificação racial é se aproximar de uma caracterização sociocultural local. Do ponto de vista político, essa categoria é utilizada pelo Movimento Social Negro como algo que denota identidade, em que preto e pardo seriam apenas cores, enquanto negra seria a raça, em sua dimensão social.

Fonte: 
Curso GPPGR -  Módulo 3 – Políticas públicas e raça
Vários autores.

DECRETO Nº 4.228, DE 13 DE MAIO DE 2002.


Institui, no âmbito da Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas e dá outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
                        DECRETA:
                        Art. 1o  Fica instituído, no âmbito da Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas, sob a coordenação da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça.
                        Art. 2o  O Programa Nacional de Ações Afirmativas contemplará, entre outras medidas administrativas e de gestão estratégica, as seguintes ações, respeitada a legislação em vigor:
                        I - observância, pelos órgãos da Administração Pública Federal, de requisito que garanta a realização de metas percentuais de participação de afrodescendentes, mulheres e pessoas portadoras de deficiência no preenchimento de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS;
                        II - inclusão, nos termos de transferências negociadas de recursos celebradas pela Administração Pública Federal, de cláusulas de adesão ao Programa;
                        III - observância, nas licitações promovidas por órgãos da Administração Pública Federal, de critério adicional de pontuação, a ser utilizado para beneficiar fornecedores que comprovem a adoção de políticas compatíveis com os objetivos do Programa; e
                        IV - inclusão, nas contratações de empresas prestadoras de serviços, bem como de técnicos e consultores no âmbito de projetos desenvolvidos em parceria com organismos internacionais, de dispositivo estabelecendo metas percentuais de participação de afrodescendentes, mulheres e pessoas portadoras de deficiência.
                        Art. 3o  Fica constituído o Comitê de Avaliação e Acompanhamento do Programa Nacional de Ações Afirmativas, com a finalidade de:
                        I - propor a adoção de medidas administrativas e de gestão estratégica destinadas a implementar o Programa;
                        II - apoiar e incentivar ações com vistas à execução do Programa;
                        III - propor diretrizes e procedimentos administrativos com vistas a garantir a adequada implementação do Programa, sua incorporação aos regimentos internos dos órgãos integrantes da estrutura organizacional da Administração Pública Federal e a conseqüente realização das metas estabelecidas no inciso I do art. 2o
                        IV - articular, com parceiros do Governo Federal, a formulação de propostas que promovam a implementação de políticas de ação afirmativa;
                        V - estimular o desenvolvimento de ações de capacitação com foco nas medidas de promoção da igualdade de oportunidades e de acesso à cidadania;
                        VI - promover a sensibilização dos servidores públicos para a necessidade de proteger os direitos humanos e eliminar as desigualdades de gênero, raça e as que se vinculam às pessoas portadoras de deficiência;
                        VII - articular ações e parcerias com empreendedores sociais e representantes dos movimentos de afrodescendentes, de mulheres e de pessoas portadoras de deficiência;
                        VIII - sistematizar e avaliar os resultados alcançados pelo Programa e disponibilizá-los por intermédio dos meios de comunicação; e
                        IX - promover, no âmbito interno, os instrumentos internacionais de que o Brasil seja parte sobre o combate à discriminação e a promoção da igualdade.
                        Parágrafo único.  O Comitê de Avaliação e Acompanhamento do Programa Nacional de Ações Afirmativas apresentará, no prazo de sessenta dias, propostas de ações e metas a serem implementadas pelos órgãos da Administração Pública Federal.
                        Art. 4o  O Comitê de Avaliação e Acompanhamento do Programa Nacional de Ações Afirmativas tem a seguinte composição:
                        I - Secretário de Estado dos Direitos Humanos, que o presidirá;
                        II - Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, que substituirá o presidente em suas faltas e impedimentos;
                        III - um representante da Presidência da República;
                        IV - um representante do Ministério das Relações Exteriores;
                        V - um representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário;
                        VI - um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia;
                        VII - um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
                        VIII - um representante do Ministério do Trabalho e Emprego;
                        IX - um representante do Ministério da Cultura;
                        X - um representante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - CNDA;
                        XI - um representante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE;
                        XII - um representante do Conselho Nacional de Combate à Discriminação - CNCD; e
                        XIII - um representante do Grupo de Trabalho Interministerial e Valorização da População Negra.
                        § 1o  O Presidente do Comitê de Avaliação e Acompanhamento do Programa Nacional de Ações Afirmativas poderá convidar para participar das reuniões um membro do Ministério Público do Trabalho.
                        § 2o  Os membros de que tratam os incisos III a XIII serão indicados pelos titulares dos órgãos representados e designados pelo Ministro de Estado da Justiça.
                        Art. 5o  Os trabalhos de Secretaria-Executiva do Comitê de Avaliação e Acompanhamento de Ações Afirmativas serão prestados pelo IPEA.
                        Art. 6o  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


        Brasília, 13 de maio de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Miguel Reale Junior
Celso Lafer
Paulo Jobim Filho
Guilherme Gomes Dias
Francisco  Weffort
Ronaldo Mota Sardenberg
José Abrão


Fonte:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4228.htm - acesso em 10 de dezembro de 2011. 

Motivo da procura por serviço de saúde

O tratamento preventivo é a forma mais eficiente de trato com a própria saúde, sendo um importante mecanismo para se evitar morbidades, ou que estas ganhem proporções mais graves no futuro. Já o tratamento curativo, malgrado sua importância, tende a ser menos eficaz justamente por atuar sobre um determinado agravo já em fase de evolução.

Cerca de metade dos brasileiros que havia procurado serviço de saúde nas duas semanas de referência da PNAD 2008 o havia feito por motivo de doenças: 50,8% entre os homens, e 49,5% entre as mulheres. O atendimento preventivo tinha sido o motivo da procura para 19,0% entre os homens e de 27,5% entre as mulheres, mais uma vez indicando o maior cuidado que as pessoas deste último grupo denotam à própria saúde.
Na população de cor ou raça branca do sexo masculino, a maior parte (49,6%) dos que haviam procurado serviço de saúde o fez em busca de tratamento para doenças, e 20,2% para atendimento preventivo. No contingente preto & pardo do sexo masculino, 52,0% procuraram algum serviço de saúde em busca do tratamento de alguma doença. Neste grupo, o percentual dos que se dirigiram ao serviço de saúde em busca de atendimento preventivo somou 17,7%

Fonte:  Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010

QuaL É a Sua “Cor ou raça/etnia”?

A RESPOSTA DEVE SER DADA DE ACORDO COM AS OPÇÕES ABAIXO,
QUE SÃO AS MESMAS UTILIZADAS PELO IBGE.

COR BRANCA (DESCENDENTES DE EUROPEUS/OCIDENTAIS)
COR PRETA (DESCENDENTES DE AFRICANOS/AFRO-BRASILEIROS)
COR PARDA (DESCENDENTES DE INDIVÍDUOS DE COR/ETNIAS
DIFERENTES-MISCIGENAÇÃO/MESTIÇAGEM)
Mestiços de pais de cores ou etnias diferentes: preta e branca; preta
e índio; branca e índio, e assim por diante...
COR AMARELA (DESCENDENTES DE ASIÁTICOS/ORIENTAIS)
RAÇA/ETNIA INDÍGENA (DESCENDENTES DE ÍNDIOS)

Fonte: IBGE

Autoavaliação do estado de saúde

De acordo com os indicadores do suplemento de acesso e utilização dos serviços de saúde levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2008, 77,3% da população brasileira considerava seu estado de saúde como muito bom ou bom.
A decomposição do indicador de autoavaliação do estado de saúde pelas classes de rendimento médio domiciliar per capita indica que, quanto maior a renda, maior também era a autoavaliação do estado de saúde como muito bom ou bom.
Assim, a diferença entre a autoavaliação positiva do estado de saúde de uma pessoa com renda domiciliar média acima de 10 salários mínimos e a de uma pessoa com renda domiciliar média abaixo de um salário mínimo era de 13,6 pontos percentuais a mais para os primeiros. O comportamento daquele indicador também era verificado quando aqueles indicadores eram lidos de forma desagregada pelos grupos de cor ou raça. Ou seja, tanto entre os brancos como entre os pretos & pardos, quanto maior a renda, melhor a autoavaliação do estado de saúde.

Fonte: IBGE, microdados PNAD (Suplemento “Acesso e utilização de serviços de saúde”)

domingo, 9 de outubro de 2011

Lei 10.639/2003 – Professores têm dificuldades para combater racismo em sala de aula

Que avançou, avançou, mas a maioria dos professores brasileiros ainda não está preparada para trabalhar com a igualdade racial conforme rege a Lei 10.639/2003. A constatação é da professora Francisca Vilani de Sousa, que ministrou mais um Módulo do curso Práticas Discursivas de Igualdade Racial, promovido pelo Programa Conexões de Saberes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Para a professora, o problema acontece divido a falta de formação e de materiais didáticos voltados para o combate do racismo na escola.

Para a professora, as questões históricas ligadas à cultura afrobrasileira e a africana são apontadas como os principais motivos para essa resistência por parte de uma parcela significativa dos educadores. "Pesquisas recentes têm demonstrado que à escola, via de regra, acaba reproduzindo o racismo, o preconceito e a discriminação contra os estudantes afrodescendentes", afirmou.

Apesar de ser um espaço privilegiado para essa discussão, ainda nos dias atuais a escola não assumiu o debate que implica em conhecimentos e abordagens teóricas e curriculares que a maioria dos professores não detém. "Na maioria das vezes o racismo se apresenta de forma silenciosa e enfrenta-lo é admitir a sua existência", colocou a professora.

Ao ignorar a existência do racismo nas relações educacionais, os professores passam a legitimar a discriminação e o racismo. "O preconceito surge em piadas, brincadeiras e até mesmo em discussões presentes em sala de aula contra a pessoa de cor negra", revelou. O agravante é que o preconceito acarreta referencias negativa, ocasionando uma baixa na auto-estima dos estudantes e, consequentemente, pequeno desempenho e a evasão escolar. Desta forma, por não ser positivamente aceitos, os estudantes negros vão sendo excluídos do sistema educacional.

Para a professora Vilani de Sousa, é importante a escola adotar novas práticas extrapolando a figura do professor. O tema, segundo ela, deve atingir todas as esferas da escola, a começar pela proposta pedagógica. "É preciso uma ampla discussão e revisão sobre as práticas docentes no que concerne à temática dos afrodescendentes. Daí, a importância de se resgatar a história e a cultura afrobrasileira", opinou.

Outro ponto positivo para a ampliação do pensamento anti-racista são as ações afirmativas dentro das políticas públicas, como por exemplo, o programa de cotas que facilitam o acesso de pessoas negras na universidade. "São ações que contribuem para a desconstrução da ideologia do branqueamento que associa o branco ao bom e bonito e, o negro ao mal e feio", concluiu.

Fonte: http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/educacao/lei-10-639-03-e-outras/10872-lei-106392003-professores-tem-dificuldade-para-combater-racismo-em-sala-de-aula